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18 abril, 2015

Relatos de intercâmbio da Gigi: Parte I - Maturidade

Amadurecer parece algo bastante complexo quando paramos pra pensar sobre isso. Penso que amadurecer é um processo natural. Mais fácil para alguns, demorado para outros. E todos conhecemos pelo menos uma pessoa que parece que nunca amadureceu. Mas o fato é que ninguém dorme e puff!, acorda maduro. Penso que cada pessoa tem o seu tempo. Às vezes, algumas situações aceleram o processo.
Neste post, vou falar de como cresci fazendo intercâmbio, ou de como fazer intercâmbio me fez crescer.
Eu estava no terceiro ano de Letras quando uma sugestão da minha irmã veio de encontro a um sonho que eu tinha: porque você não faz um intercâmbio pra melhorar o Inglês? Topei. Mas parecia que o dia nunca iria chegar, tinha de passar pelo processo da agência que escolhi, parecia meio distante. Mas fui, passo a passo as etapas foram se fechado, e deu tudo certo. Finalmente chegou o dia de deixar o BR. Eu, sempre vaidosa, estava levando apenas uma bolsa e uma mala. Todos os anos de trabalho e foi isso que levei. Todo o resto foi distribuído entre as mulheres da família e em doações.
Morar fora parece uma idéia muito interessante, pois normalmente pensamos somente na parte divertida disso. A liberdade, as viagens, novas culturas, novas pessoas, compras, produtos de beleza a preço de banana. Ter a oportunidade de se reinventar, de ir pra um lugar onde ninguém te conhece e você não conhece ninguém. Deixar pra trás os mesmos problemas que já te tiraram o sono por tantas vezes! Tentador, não? Quem nunca pensou, “Ah, se eu pudesse fugir pra um lugar novo onde ninguém sabe quem eu sou, eu faria tudo diferente!” Ou mesmo, quem nunca teve vontade de embarcar num ônibus e ir sem rumo por vários dias?
Más notícias: quanto ao ônibus, você terá que  descer dele em algum momento. E os problemas? Eles são como as suas malas extraviadas pela companhia aérea: em algum momento elas batem à porta da sua casa. Alguns, assim como algumas malas, dão um jeito de chegar bem rapidinho.
Mas então, qual é a parte boa de morar fora por algum tempo, além das viagens e de aprender um novo idioma? Crescimento é a resposta. Ok, first things first: Como disse anteriormente, isso acontece de forma e intensidade diferentes para cada indivíduo. No meu caso, posso dizer que cresci mais em 2 anos e 4 meses do que fiz em 25. Uhum, bem isso! 
Me mudei para Hanover, New Hampshire, USA, em 2012. Uma cidade pequena, pouco conhecida, que sempre tinha de explicar que ficava perto de Boston, ou a três horas de Montreal, para que os outros tivessem um ponto de referência. Mesmo pequitita, lá tudo funcionava e muito bem.


                                                     

A intenção era ficar por lá um ano, talvez dois. Porém, se você for pra NH na metade de novembro, quando o vento do outono já pelou as árvores e a neve ainda não as cobriu, você começa a pensar que se conseguir ficar por um mês já será lucro. Agora, some isso ao fato de não conhecer ninguém lá além da sua host family, e o seu inglês ser nível iniciante. Não nos esqueçamos de adicionar mais alguns ingredientes à sopa: comida diferente, cultura extremamente diferente, leis diferentes, trabalho diferente, pessoas diferentes. Pronto? Sim, então agora, senta e chora. 
E depois de chorar todas as noites por vários dias, surge a idéia brilhante da semana: voltar pra casa dos pais! Sim, isso mesmo! Vou dizer pra minha host family que não dá mais pra mim, que não agüento nem mais um minuto, que estou morrendo aos poucos e que por isso  preciso voltar pra casa. Eles vão entender! Até porque, não tenho vínculo com eles, mal os conheço e nunca mais os verei na minha vida. As crianças são muito fofas e lindas, mas eu prefiro os adultos e os gatos. Então é isso, tchau, nice to meet you all! 
Nessa hora, em que olhei para a única mala que havia levado e ainda não havia desfeito completamente, o primeiro pensamento foi tipo: Vou embora!  Mas como?
Pois é, isso é o que eu queria saber também. No meu caso, eu havia investido nisso todas as economias e tomado emprestado algum. 
E agora?
Então, agora, não é que o primeiro dentinho da maturidade estava começando a crescer? Sem saída, você pensa: sinto muito, gata, mas você não tem opção. Terá de ficar até recuperar essa grana. 
Hum, pensa que foi fácil ouvir um ‘não’ da maturidade? Mais umas duas semanas chorando todas as noites até aceitar a idéia de que estava pobre e tinha que ficar na sofrência até juntar dólares pra tão sonhada carta de alforria e voltar correndo pra terra das palmeiras onde cantam os sabiás. 
Mas aí, percebi como é impressionante a capacidade de amadurecer rapidamente quando a necessidade nos obriga. Depois de 3 ou 4 semanas já me sentia bem melhor. Senti que era melhor ficar. Que eu não teria uma outra chance dessas por um bom tempo. 
As minhas responsabilidades aumentaram muito depressa pra acompanhar a minha liberdade. Penso que quanto maior for a liberdade maior é a responsabilidade. Acredito que a maturidade anda lado a lado com a necessidade. A necessidade de tomar decisões. Desde ter que decidir entre comprar uma roupa linda ou abastecer o carro pra uma short trip até de estender ou não o intercambio por mais um ano. A necessidade de ter que chorar sozinha no quarto morrendo de cólica. De  dormir sozinha numa casa no meio do nada quando a host family viaja e justo naquele final de semana que dá um tornado e a luz cai. Acordar de manhã cedinho e ver que o urso tentou comer a abóbora de Halloween que estava na porta da casa. Opa, e se ele está ao redor de casa, certamente anda pelas trilhas em que você costuma correr livre e solta no final da tarde. A necessidade de ter que arrancar o carro do meio da neve e dirigi-lo por ruas muito escorregadias. Respeitar as leis onde não se pode dar “o jeitinho brasileiro”. Ver o quanto os seus pais podem envelhecer em pouco mais de dois anos, e o medo de acontecer alguma coisa quando você está longe. Ver que a vida passa e que para acompanhá-la precisamos deixar para trás muitas coisas. Mas essa maturidade que cresceu em você nesse tempo em que ficou fora te dá sabedoria para largar pelo caminho aquelas pessoas tóxicas que sugaram a tua energia por toda uma vida e você nunca se deu conta. Junto com elas, largar também bagagens desnecessárias que muitas das vezes nem eram suas, mas que por algum motivo você carregava. Ver que, na maioria esmagadora das vezes, o melhor é acumular experiências e não tralhas.
Com todos os altos e baixos, digo que foi uma experiência enriquecedora! Eu dirigi por vários estados dos EUA, pelas rodovias mais lindas! Escolhi uma árvore, que fica vermelha no outono, pra ser minha. Nos próximos posts vou contar tudo de lindo que vi por lá, dos programas de final de semana em uma cidade pacata, e de como os brasileiros se unem quando estão longe de casa. Vou contar sobre como as pessoas não precisam ser barulhentas e encostar em você o tempo todo para mostrar que te admiram e que tem carinho por você.
 Ah, a volta! Você volta pra casa com o espírito livre. Com os ombros leves. Com o sorriso maior. E quase tendo que carregar um HD externo acoplado à sua cabeça pra armazenar todo o conhecimento que adquiriu no pouco tempo em que esteve fazendo parte de um programa de intercâmbio. É claro, volta reclamando do preço da gasolina e do valor que cobram por um sorvete da Haagen-Dazs. Uma vez que você prova da liberdade, não aceita mais a escravidão. 
Às vezes, não me sinto parte de onde estou agora, ou de onde estive ontem, mas a parte boa é que agora, tenho maturidade para lidar com isso também.

                                             

15 abril, 2015

Tribeca, Meatpacking District, Intrepid Museum.

Chegou o último dia de passeio! Quase emendando uma viagem na outra, mas saiu!

A estas alturas, eu lembro que já não sentia minhas pernas, mas já sentia saudades! Andar por NY, com ou sem roteiro, é uma experiência sempre válida. Olhando para o mapa, eu tenho orgulho de falar que passamos em quase todos os bairros de Manhattan! Sei que não é este o foco de todo mundo, mas era o meu foco para uma primeira vez lá. Agora, quando for novamente, posso tirar coisas e programas 'turistões' da lista, e focar ainda mais nos meus lugares preferidos! Já falei aqui: cada bairro de NY tem a sua particularidade e, andando por lá, dá pra perceber isso claramente!


Nosso dia começou no Tribeca, bem cedinho! O bairro em si, apesar de ser phyno e abrigar muitos famosos em algumas coberturas milionárias, não me atraiu muito. Não estou dizendo que é feio, só que eu já tenho a minha lista de bairros 'pra morar em NY quando ganhar na Mega Sena acumulada' rs. Voltando à realidade: caminhamos no parque ao lado do Rio Hudson, e um dia quero voltar para fazer esse passeio à tarde também. Ali pertinho, fica o River Terrace, um parque simpático com esculturas de bronze e uma vista incrível para o Hudson. Coladinho ao parque, o Memorial da Fome Irlandesa, aquele parque suspenso que aparece no filme PS: Eu te Amo. Nós olhamos tudo com calma, mas ainda assim, é jogo rápido! Tudo muito perto, mesmo que você queira tomar um café na charmosa Le Pain Quotidien, ainda dá pra apreciar a paisagem e fazer outras coisas aproveitando o mesmo roteiro.
River Terrace

Vista para o Rio Hudson
Depois, fomos andando até a North Moore St, para ver o prédio que foi usado como cenário em "Os Caça-fantasmas", um filme antiguinho, de um ano que me soa familiar e onde funciona uma brigada do Corpo de Bombeiros. 

Um metrô básico -  herdei o metrocard da minha irmã e o marido teve de pegar um novo, pois os nossos só valiam para 7 dias - e estávamos no Meatpacking District, antigo bairro de açougues e armazéns, que tem um jeito cool, coladinho ao Hell's Kitchen. Achei os dois bem parecidos, na verdade.  Nós não fizemos nada por ali, apenas passamos a título de observação, a caminho do Intrepid Museum, super fácil de achar, já que é um porta aviões ancorado às margens do Hudson.
Há algumas opções de  pacotes no site oficial, e nós pegamos o GA - General Admission including Space Shuttle Pavilion, que dava acesso ao porta-aviões, ao submarino, e ao ônibus espacial.

Começamos a visita pelo Glover, um submarino nuclear utilizado durante a Segunda Guerra Mundial e que, durante a Guerra Fria, foi reformado para carregar bomba atômica, e é o único do tipo aberto para visitação no mundo. Na fila, fomos surpreendidos por um casal norte-americano que nos deu um ticket de desconto no ingresso. Eles imprimiram um a mais para dar para alguém e nisso economizamos 20% do valor dos ingressos. Podem me zoar, mas nenhum desconhecido fez isso por mim no BR, e eu também não lembro de ter feito isso por alguém. Enfim, este passeio dura aproximadamente 30 minutos, e o que chama a atenção é o espaço reduzido e otimizado dentro do submarino. Passamos por todos os cômodos: a casa de máquinas, salas de controle e de radar, sala de jogos, quartos da tripulação e do comandante, pela sala de torpedos (um deles ainda está lá, em exibição).

Depois, fomos ao Museu Intrepid, que na verdade é um porta aviões utilizado durante a Segunda Guerra Mundial. Só isso já é bem diferente, pois não sei quando eu entraria em uma embarcação deste tipo rs... pudemos visitar também todos os cômodos, distribuídos em vários andares, com aquelas escadinhas difíceis de subir e corredores estreitos. Fomos até a sala de comando, conversamos com veteranos de guerra (voluntários) que, muito solícitos, ficavam esperando o povo fazer perguntas hehe. Pra gente, eles contaram várias histórias, inclusive uma sobre o embargo a Cuba. No museu, a gente pode ver vários modelos de caça e a aeronaves de combate, bem como réplicas de cápsulas espaciais - dá pra entrar e tirar foto na posição em que os astronautas ficavam.
Desfrutando do conforto da cápsula espacial ...
...e  curtindo o skyline a partir do porta aviões.

Emoção mesmo foi quando entramos no pavilhão da Enterprise - para o marido, claro - porque todo menino sonhou em ser astronauta. Foi o primeiro ônibus espacial a voar, mas nunca esteve numa missão no espaço sideral. Voava acoplado em um avião para impulso de lançamento. Há também uma cápsula russa que foi utilizada em uma missão Soyuz, que traz as marcas de queimado causadas pelo atrito ao entrar na atmosfera. 

Ensaio fotográfico com  a Enterprise!
Gastamos cerca de 3 horas neste passeio, e o restante da tarde foi reservado para passeios em Midtown, almoço no Olive Garden, café na Starbucks (pela milésima vez), e compra das últimas lembrancinhas e coisas do tipo.

Reservamos a manhã do dia seguinte para organizar o que faltava e, se desse tempo, visitaríamos o Central Perk, que já estava aberto para visitação. Foi aí eu vi o tamanho do amadorismo: esqueci de pesar as malas! Ou seja, comprei, comprei, e ainda trouxe uma mala e meia com parte da mudança da minha irmã, mas não tive o feeling de pesar tudo. Não vou dar detalhes da correria, mas foi uó, saímos do apto atrasados, arrumamos birra com o motorista do Super Shuttle, etc, tudo por conta desta falha. Então, não cometam o mesmo erro que eu! Repitam comigo: sempre pesar as malas!

Tirando essa parte chata de lado, a viagem só deixou saudades! Sempre que assisto um filme, vejo um mapa (haha) eu lembro do planejamento, do roteiro, aaaahhhh que saudades! NYC tem seus perrengues, nem tudo é perfeito como dizem, mas certamente marca a gente! A beleza das ruas, a diversidade cultural, a gastronomia,  as estações de metrô quentes e bafentas, alguns new yorkers paranóicos. NYC é única, as coisas funcionam, eu moraria lá sem pensar duas vezes. Espero ansiosamente pela próxima, mesmo sabendo que pode demorar, porque aí posso tirar da lista alguns programas estilo turista de primeira viagem, e traçar novos horizontes por lá!

Espero que tenham curtido o relato, mesmo com a minha demora e indisciplina pra postar!
Obrigada a todos que me acompanharam ate aqui.
Bjs e ate a próxima.